A noite estava maravilhosa.
Estava quente, mas agradável e o céu incrivelmente estrelado.
A vista era magnífica.
Do alto do décimo oitavo andar era possível divisar a maior parte da cidade, o que significava um show de luzes , que deixava qualquer um sem fôlego e garantia que todos por mais que estivessem acostumados ficassem ao menos por alguns minutos parados ali olhando para tanta beleza.
A localização do prédio na região mais alta da cidade fazia daquele terraço um ponto de observação mais que perfeito.
Já passava das onze horas e Marie não queria, não sentia a mínima vontade de dormir e ficou ali no terraço olhando para as luzes da cidade.
Era um momento tão perfeito que ela não notou o tempo passar e viajou em seus pensamentos e lembranças.
De repente sua atenção foi chamada por um som.
Ao longe ela ouvia um barulho que a princípio não conseguia definir, ele vinha de longe e se aproximava lentamente como que trazido pelo vento.
Marie não deu muita atenção ao som indefinido e continuou ali, admirando a cidade.
Entretanto o som foi se tornando mais nítido e pode ser identificado.
Marie não podia acreditar no que estava ouvindo.
Eram aviões, certamente eram aviões, mas não se tratavam de aviões modernos.
O barulho que ela ouvia era de hélices, muitas hélices, girando, girando, até que quando ela deu por si começou a ver aquelas luzes e ouvir um som inconfundível.
Por mais absurdo que isso fosse, era indiscutível, eram aviões de combate e estavam atacando a cidade.
Ela os via claramente, via os aviões dispararem seus canhões e bombas e via o clarão dos alvos sendo atingidos e o som que isso gerava.
Então do solo baterias antiaéreas tentavam sem sucesso atingir o inimigo e repelir aquele ataque.
Era como se ela estivesse diante de uma grande tela, assistindo a um filme antigo de Guerra.
Ela não podia acreditar no que seus olhos viam e seus ouvidos estavam ouvindo.
Era tudo um absurdo, não podia estar acontecendo.
Não fazia qualquer sentido.
Era assustador e aterrorizante.
O barulho era cada vez maior e as luzes que subiam e desciam iluminavam cada vez mais a noite.
Então, uma bomba atingiu um prédio próximo e Marie se deu conta que precisava sair de onde estava e fugir.
Ela então andou pelo longo terraço.
Todos os quartos tinham uma janela para o terraço, e ela olhava para dentro procurando por sua mãe e seu marido.
Marie parou na janela do quarto da mãe e a encontrou calmamente sentada na cama em posição de contemplação. Marie lhe disse que se apressasse, pois precisavam sair dali com a máxima urgência.
A mãe entretanto, com toda
calma lhe respondeu que não iria a lugar algum, pois não havia para onde ir.
Seu tempo era chegado, e ficaria ali mesmo.
Disse ainda que Marie deveria se apressar e seguir seu marido.
Neste momento uma nova bomba caiu mais próximo ainda e Marie percebeu que não adiantaria insistir.
Com lágrimas nos olhos ela apenas disse, adeus e um eu te amo para sua mãe e voltou para dentro do apartamento procurando pelo marido.
Ela o chamava pelo nome, abria portas e não o encontrava. Era uma situação angustiante.
Fora o combate parecia não ter fim.
Finalmente ela se deu conta que uma luz estava acesa.
Era a luz do escritório, que ficava na outra ala do apartamento.
Com certeza ele estaria lá.
Quando ela abriu a porta levou um susto tremendo.
Seu tempo era chegado, e ficaria ali mesmo.
Disse ainda que Marie deveria se apressar e seguir seu marido.
Neste momento uma nova bomba caiu mais próximo ainda e Marie percebeu que não adiantaria insistir.
Com lágrimas nos olhos ela apenas disse, adeus e um eu te amo para sua mãe e voltou para dentro do apartamento procurando pelo marido.
Ela o chamava pelo nome, abria portas e não o encontrava. Era uma situação angustiante.
Fora o combate parecia não ter fim.
Finalmente ela se deu conta que uma luz estava acesa.
Era a luz do escritório, que ficava na outra ala do apartamento.
Com certeza ele estaria lá.
Quando ela abriu a porta levou um susto tremendo.
Um grupo de pessoas estava lá dentro,
eles estavam de mãos dadas formando um círculo.
Eles faziam uma oração em voz baixa.
Marie não tinha a menor ideia de quem eram aquelas pessoas ou como tinham chegado lá.
Ela não os conhecia e não conseguia entender o que estava acontecendo.
Eles se calaram ao perceberem sua chegada.
Foi então que uma voz disse ao grupo que estava tudo bem, que ela poderia ficar pois estava preparada para isso.
Ela não entendeu nada.
Preparada para o que, ela se perguntou.
Ao mesmo tempo, se deu conta, de que quem havia falado era seu marido.
Não o havia reconhecido de imediato, pois ele estava usando um tipo de máscara para facilitar a respiração.
O que seria aquilo?
Bom, como até aquele momento, nada fazia sentido, este fato era só mais uma das muitas coisa sem nexo, naquela situação.
Àquela altura, ela também não estranhou, quando o círculo se abriu e mãos se estenderam em sua direção num gesto claro de que ela deveria se juntar a eles.
Ela hesitou por alguns segundos e ao perceber sua dúvida o marido a encorajou a se juntar a eles.
Ele afirmou que tudo ficaria bem, que eles seriam retirados dali e que não havia o que temer.
Ela então, sem pensar em mais nada, começou a estender a mão direita que foi logo tomada por uma mulher muito forte que a segurou firmemente.
Quando ia estender a mão esquerda para fechar o círculo novamente a porta se abriu chamando sua atenção.Era uma criança de uns oito anos no máximo.
Uma menina com aparência terrivelmente assustada, com lagrimas nos olhos e respiração ofegante.
Marie então a reconheceu.
Era Padma, a filha de um casal indiano que vivia no apartamento ao lado.
Marie então, de imediato, sem pensar, soltou a mão da mulher e foi na direção de Padma para abraça-la e traze-la para o círculo.
Marie sabia que não poderia deixa-la ali sozinha olhando para eles, muito menos mandá-la embora.
Ela não faria isso.
Quando ela soltou a mão que a segurava, seu marido gritou. Foram apenas duas palavras um Não e um Volte .
Segurando a mão de Padma, Marie olhou para eles e começou a voltar em direção ao grupo.
Então o mais inacreditável aconteceu.
O circulo se fechou, e diante dos olhos dela, todos desapareceram.
Ela somente conseguiu ouvir seu marido dizer que voltaria para buscá-la.
Na sala, se podia ver uma suave nuvem de fumaça branca no lugar aonde estivera formado o círculo de pessoas.
Marie ficou ali sozinha com Padma.
Lá fora o barulho das bombas ficava mais e mais intenso.
As lágrimas rolavam no rosto de Marie.
Ela não sabia o que fazer, apenas sabia em seu íntimo que fizera a coisa certa.
Proteger Padma.
Em pouco tempo o barulho das bombas cessou e não se ouvia mais os aviões.
Marie então, segurando Padma pela mão foi até o terraço.
Tudo estava quieto e escuro.
Uma escuridão total e aterrorizante.
O show de luzes não se via mais.
Ela então, sem saber o que fazer foi para o seu quarto e se deitou com Padma.
Quando amanhecesse elas sairiam para tentar saber o que havia de fato acontecido.
O cansaço venceu a ambas e elas dormiram.
Ao acordar Marie não encontrou Padma.
Andou um pouco pela sala, e pelo não havia mais ninguém em casa.
Foi até a sacada e viu que tudo estava bem.
Tudo estava normal, não se via qualquer estrago ou sequer vestígio daquela noite pavorosa.
Ligou a TV e nenhuma notícia, acessou a Internet e nada.
Ela então finalmente se deu conta de que aquilo não acontecera.
Sim, ela tivera um sonho.
Um terrível pesadelo.
Ela respirou aliviada e sorriu.
Fora tremendamente real e assustador, mas apenas um pesadelo.
Então foi até a cozinha fazer o café, agora estava com fome .
Então pensou em sua mãe e no marido.
Aonde eles teriam ido tão cedo?
Marie colocou água para o café e foi até o quarto da mãe, para ver se encontrava alguma pista sobre o paradeiro dela.
Quando abriu a porta, para sua surpresa a encontrou na cama.
Ela se aproximou e pode perceber que a mãe tinha uma expressão plácida, mas, estava sem vida.
Seu coração disparou e ela correu para a sala para chamar por ajuda.
Enquanto andava pensou no marido, se ele ao menos estivesse em casa.
Por que ele saiu sem se despedir?
Antes que ela conseguisse chegar ao telefone o aparelho tocou.
Era do escritório do marido.
Sam, como eles o chamavam, não havia aparecido para trabalhar e como ele nunca deixava de avisar caso tivesse algum problema estavam preocupados.
Marie não conseguiu conversar com a pessoa do outro lado da linha.
Ela apenas chorava, sem saber o que fazer ou dizer.
Nada mudou nos dias que se seguiram.
Marie enterrou sua mãe e passou a procurar pelo marido sem sucesso.
Então, depois de alguns dias de aflição intensa, ela se lembrou de Padma e foi até o apartamento dela.
Como não havia ninguém perguntou pela família aos vizinhos e foi aí que soube que os pais de Padma tinham sofrido um grave acidente, na mesma noite da morte de sua mãe e estavam ambos em estado grave no hospital e que Padma fora levada para a casa de parentes na manhã seguinte.
Os meses se passaram sem novidades.
Marie sem ter outra alternativa se conformou e passou a esperar.
Sim, esperar, pois tenha sido um sonho, pesadelo, premonição, seja lá o que fosse , coisas aconteceram naquela noite.
Coisas aconteceram tanto com sua mãe, como com Sam e com os pais de Padma.
Seja lá o que aconteceu de verdade naquela fatídica noite, Sam prometera voltar para buscá-la.
E ele nunca falhou com ela.
Marie não tinha a menor ideia de quem eram aquelas pessoas ou como tinham chegado lá.
Ela não os conhecia e não conseguia entender o que estava acontecendo.
Eles se calaram ao perceberem sua chegada.
Foi então que uma voz disse ao grupo que estava tudo bem, que ela poderia ficar pois estava preparada para isso.
Ela não entendeu nada.
Preparada para o que, ela se perguntou.
Ao mesmo tempo, se deu conta, de que quem havia falado era seu marido.
Não o havia reconhecido de imediato, pois ele estava usando um tipo de máscara para facilitar a respiração.
O que seria aquilo?
Bom, como até aquele momento, nada fazia sentido, este fato era só mais uma das muitas coisa sem nexo, naquela situação.
Àquela altura, ela também não estranhou, quando o círculo se abriu e mãos se estenderam em sua direção num gesto claro de que ela deveria se juntar a eles.
Ela hesitou por alguns segundos e ao perceber sua dúvida o marido a encorajou a se juntar a eles.
Ele afirmou que tudo ficaria bem, que eles seriam retirados dali e que não havia o que temer.
Ela então, sem pensar em mais nada, começou a estender a mão direita que foi logo tomada por uma mulher muito forte que a segurou firmemente.
Quando ia estender a mão esquerda para fechar o círculo novamente a porta se abriu chamando sua atenção.Era uma criança de uns oito anos no máximo.
Uma menina com aparência terrivelmente assustada, com lagrimas nos olhos e respiração ofegante.
Marie então a reconheceu.
Era Padma, a filha de um casal indiano que vivia no apartamento ao lado.
Marie então, de imediato, sem pensar, soltou a mão da mulher e foi na direção de Padma para abraça-la e traze-la para o círculo.
Marie sabia que não poderia deixa-la ali sozinha olhando para eles, muito menos mandá-la embora.
Ela não faria isso.
Quando ela soltou a mão que a segurava, seu marido gritou. Foram apenas duas palavras um Não e um Volte .
Segurando a mão de Padma, Marie olhou para eles e começou a voltar em direção ao grupo.
Então o mais inacreditável aconteceu.
O circulo se fechou, e diante dos olhos dela, todos desapareceram.
Ela somente conseguiu ouvir seu marido dizer que voltaria para buscá-la.
Na sala, se podia ver uma suave nuvem de fumaça branca no lugar aonde estivera formado o círculo de pessoas.
Marie ficou ali sozinha com Padma.
Lá fora o barulho das bombas ficava mais e mais intenso.
As lágrimas rolavam no rosto de Marie.
Ela não sabia o que fazer, apenas sabia em seu íntimo que fizera a coisa certa.
Proteger Padma.
Em pouco tempo o barulho das bombas cessou e não se ouvia mais os aviões.
Marie então, segurando Padma pela mão foi até o terraço.
Tudo estava quieto e escuro.
Uma escuridão total e aterrorizante.
O show de luzes não se via mais.
Ela então, sem saber o que fazer foi para o seu quarto e se deitou com Padma.
Quando amanhecesse elas sairiam para tentar saber o que havia de fato acontecido.
O cansaço venceu a ambas e elas dormiram.
Ao acordar Marie não encontrou Padma.
Andou um pouco pela sala, e pelo não havia mais ninguém em casa.
Foi até a sacada e viu que tudo estava bem.
Tudo estava normal, não se via qualquer estrago ou sequer vestígio daquela noite pavorosa.
Ligou a TV e nenhuma notícia, acessou a Internet e nada.
Ela então finalmente se deu conta de que aquilo não acontecera.
Sim, ela tivera um sonho.
Um terrível pesadelo.
Ela respirou aliviada e sorriu.
Fora tremendamente real e assustador, mas apenas um pesadelo.
Então foi até a cozinha fazer o café, agora estava com fome .
Então pensou em sua mãe e no marido.
Aonde eles teriam ido tão cedo?
Marie colocou água para o café e foi até o quarto da mãe, para ver se encontrava alguma pista sobre o paradeiro dela.
Quando abriu a porta, para sua surpresa a encontrou na cama.
Ela se aproximou e pode perceber que a mãe tinha uma expressão plácida, mas, estava sem vida.
Seu coração disparou e ela correu para a sala para chamar por ajuda.
Enquanto andava pensou no marido, se ele ao menos estivesse em casa.
Por que ele saiu sem se despedir?
Antes que ela conseguisse chegar ao telefone o aparelho tocou.
Era do escritório do marido.
Sam, como eles o chamavam, não havia aparecido para trabalhar e como ele nunca deixava de avisar caso tivesse algum problema estavam preocupados.
Marie não conseguiu conversar com a pessoa do outro lado da linha.
Ela apenas chorava, sem saber o que fazer ou dizer.
Nada mudou nos dias que se seguiram.
Marie enterrou sua mãe e passou a procurar pelo marido sem sucesso.
Então, depois de alguns dias de aflição intensa, ela se lembrou de Padma e foi até o apartamento dela.
Como não havia ninguém perguntou pela família aos vizinhos e foi aí que soube que os pais de Padma tinham sofrido um grave acidente, na mesma noite da morte de sua mãe e estavam ambos em estado grave no hospital e que Padma fora levada para a casa de parentes na manhã seguinte.
Os meses se passaram sem novidades.
Marie sem ter outra alternativa se conformou e passou a esperar.
Sim, esperar, pois tenha sido um sonho, pesadelo, premonição, seja lá o que fosse , coisas aconteceram naquela noite.
Coisas aconteceram tanto com sua mãe, como com Sam e com os pais de Padma.
Seja lá o que aconteceu de verdade naquela fatídica noite, Sam prometera voltar para buscá-la.
E ele nunca falhou com ela.
Amei....!
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